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Archive for junho \17\-03:00 2021

Deusa Ixcacao
(texto traduzido de https://www.goddessgift.com)

Falando em Deuses

A Deusa do Chocolate / Cacau teve origens humildes, mas honrosas como uma deusa maia. Chamada Ixcacao, ela era uma antiga deusa da fertilidade, uma deusa da terra em uma sociedade matriarcal onde colher plantações e fazer com que todos fossem alimentados eram atividades realizadas pelas mulheres.

Acabar com a fome e garantir a segurança e a proteção do povo era uma responsabilidade divina.

O chocolate vem do cacau. Para os maias o cacaueiro era sagrado e o nome cacau significa “comida dos deuses”. Já, os astecas do México central atribuíram a criação dos grãos de cacau ao seu deus Quetzalcoatl que, como diz a lenda, desceu do céu carregando um cacaueiro roubado do paraíso. Assim como os maias, os astecas também entendiam que o cacau era um fruto sagrado, repleto de propriedades amorosas e especiais.

Muitas lendas falam da criação dos homens e de seus deuses em diversas civilizações. A seguir seguem lendas maias onde Ixcacao, a Deusa do Chocolate/ Cacau aparece.

Lenda: A Deusa do Chocolate e a criação da humanidade

“A avó, deusa Ixmucanè, estava preocupada.

Seus dois filhos tinham sido mortos durante uma aventura no submundo. E como muitas avós hoje, Ixmucanè foi incumbida de criar seus netos.

Uma vez que as mulheres faziam a maior parte do trabalho que era plantar, colher e cozinhar, os seus netos tinham bastante tempo livre. . . para se dedicar às profissões, às artes e à política. Embora seus netos fossem meninos excelentes e ela estivesse muito orgulhosa deles e de suas realizações (eles eram excelentes arquitetos, músicos, escultores e artistas), ela não podia deixar de se preocupar que algo muito vital estava desaparecendo do mundo e que, eventualmente, um dia aconteceria um certo “ajuste de contas”.

É que Ixmucanè era a última dos “adivinhos”, daqueles que tinham o conhecimento e eram sábios acerca dos caminhos da Terra. Ixmucanè podia sentir os ritmos da natureza correndo em suas veias. Ela era ‘vidente’ e tinha o dom da premonição e sabia como administrar sabiamente suas responsabilidades para com a Terra.

“O que acontecerá”, pensava ela, “quando eu envelhecer e o último como eu morrer?” E com essas reflexões sombrias, ela se assustou ao erguer os olhos e enxergar diante de si uma jovem grávida.

A jovem se aproximou da velha deusa com reverência e respirou longa e profundamente, tentando reunir coragem para falar.

“Avó, carrego dentro de mim filhos do seu filho que foi para o céu. Meu pai, o Senhor do Mundo Inferior, diz que o envergonhei e me expulsou. Não tenho nenhum outro lugar para ficar. Por favor, me acolha e deixe seus netos viverem com você embaixo do seu teto”.

“Como um dos meus filhos pode ser o pai?”, Perguntou a senhora. “Meus dois filhos morreram em sua terra!”

“Meu nome é Ixquic ou ‘Lua de Sangue’. Eu estava lá sob o arbusto de cabaça quando seu filho Hunahpu foi decapitado pelos soldados. Sua cabeça ensanguentada continuou a falar comigo depois que ele morreu. Cuspiu na minha mão e foi isso que me levou a conceber esses gêmeos que carrego na barriga”.

Ixmucanè ouviu a história e manteve-se compreensivelmente cética. “Deve ser uma anedota”, ela pensou, “Quem sabe quem realmente é o pai dessas crianças?”

Mas, assim como a deusa grega Afrodite fez com sua nora Psiquê, Ixmucanè fez um teste para saber se o que a jovem falava era verdade. (Ela teria, afinal, o prazer de aumentar sua linhagem se os gêmeos que estavam para nascer realmente fossem videntes como ela – na verdade, o futuro do reino podia até mesmo depender disso).

Então ela deu à jovem uma grande rede e disse: “Leve isto para o campo e não volte até que esteja cheio de comida.” Cheia de confiança de que ela poderia facilmente fazer isso, Ixquic dirigiu-se ao campo, onde descobriu que havia apenas uma planta crescendo. . . uma única espiga de milho selvagem.

O que ela deveria fazer?

Caindo de joelhos em desespero, ela pediu ajuda a outras deusas.

Ixcanil, Deusa da Semente, me ouça.
Ixtoq, Deusa da Chuva, me ajude.
Ixcacau, Deusa do Chocolate, veja minhas lágrimas
e venha em meu auxílio.

E elas vieram rapidamente em seu resgate.

Ixcanil ensinou-a a colher as sementes de uma espiga de milho e as abençoou para que germinassem.

Ixtoq trouxe a umidade nutritiva de que eles precisavam para crescer.

E Ixcacau, a Deusa do Chocolate, ensinou-lhe a plantar a semente, a cultivar e a colher o milho.

Então, Ixcacau ficou nas encostas mais baixas que cercam o vale, protegendo as plantas de crescimento rápido até que o vale se enchesse de caules maduros.

Quando terminou, Ixquic voltou com sua rede transbordando … tinha comida suficiente para um banquete.

Vendo o milagre, Ixmucanè a acolheu na família.

Então, no solstício de inverno, chegou a hora de Ixquic dar à luz. Ela foi para a floresta sozinha, como era o costume, e logo nasceram os dois filhos que se tornariam os “Gêmeos Sagrados”.

Embora não fossem reverenciados como divindades principais (mais como super-heróis ou semideuses), os gêmeos desempenharam um papel vital nos mitos da criação. Rapazes espertos, e com um pouco de malandragem, eles derrotaram as forças do Submundo, bem como outros inimigos dos deuses, e foram muito favorecidos pelas divindades.

O filho mais velho se chamava Hunaphu em homenagem ao pai. Em algumas narrativas dos mitos, ele era na verdade a reencarnação de seu pai, que havia voltado como humano e acabaria, à maneira de Cristo, sacrificando sua vida para salvar a humanidade. Quando levado aos céus, Hunaphu se tornou o deus do sol.

O irmão mais novo, Xbalanquè, foi associado à lua cheia e com sua morte, significando o fim dos tempos matriarcais, ele foi transformado em mulher e tornou-se Ixbalanquè, a deusa da lua”.

A Deusa do Chocolate como Ícone Religioso:
Fornecendo o Alimento dos Deuses ao Patriarcado

Embora raramente aparecesse publicamente nos mitos, Ixcacao, a Deusa Maia do Chocolate, era amada pelo povo como uma deusa compassiva e de abundância. Como a deusa grega Deméter, ela havia caminhado entre as pessoas, compreendendo seu sofrimento e seu medo da fome, enquanto graciosamente lhes dava o conhecimento e as ferramentas de que precisavam não apenas para sobreviver, mas para criar uma vida de abundância. (Sem falar que compartilhava generosamente o sabor requintado do chocolate e a energia que ele fornecia para o trabalho!)

Mas isso logo mudaria!

No início, parecia uma época de ouro. Reis e dinastias apareceram. Uma classe dominante nasceu.

A astronomia floresceu, assim como as artes. A escrita (glifos) surgiu e começaram a surgir magníficos monumentos, palácios e templos dos reis, assim como construções dos nobres. Grandes cidades foram estabelecidas e povoadas por pessoas ricas.

Cada rei atuou como um sumo sacerdote. Ter uma relação familiar com os deuses o capacitaria a trazer chuva e prosperidade ao seu reino, razão pela qual os camponeses estavam dispostos a trabalhar para sustentar o estilo de vida luxuoso do rei e de sua corte.

Então a pobre Deusa do Chocolate foi levada para longe dos campos para se casar com Ek Chuah, o Deus do Comércio, quisesse ela ou não. Logo seus adoráveis ​​grãos de cacau foram transformados em moeda – 40 grãos comprariam um burro, por exemplo. Os impostos dos trabalhadores eram também pagos com os grãos, deixando-lhes poucos, se é que algum, para usufruírem para si próprios.

As mulheres e crianças foram proibidas de desfrutar do cacau/chocolate. . . agora ele era proibido e declarado ‘alimento dos deuses’, disponível apenas para os governantes e guerreiros a seu serviço.

Isso quase partiu o coração de Ixcacao. 

Deusa Maia do Cacau - IxCacao

A Deusa do Chocolate
Lenda: Ixcacao abençoada pela Deusa do Amor

“Amiga, precisamos conversar”, disse Huitaca.

“Você sempre viveu muito perto das pessoas. Eu vi você dando as boas-vindas aos campos todas as noites, juntando-se a eles enquanto se reuniam ao redor da fogueira para assar o milho, contando histórias e desfrutando de seus presentes.

Mas agora eles têm que trabalhar tanto e até tarde da noite que adormecem imediatamente e caem em sono profundo sem sonhos.

Foi-se o riso que fazia brilhar até as estrelas enquanto contavam suas histórias ao redor da fogueira à noite.

Foram-se as flores e os animais que bordavam em seus vestidos. Foram-se as cores brilhantes que tornavam seus cobertores tão quentes e ousados.

A música e a dança que refletiam a beleza de sua deusa no céu noturno se foram.

E se foi a alegria que fazia o trabalho valer a pena.

Tudo se foi e eu não posso suportar essa ideia. Eu preciso de sua ajuda. Temos que bolar um plano. “

E que plano inteligente era. A Deusa do Chocolate ensinaria os cozinheiros dos reis a fermentar o cacau e torná-lo inebriante. Ela ‘deixou escapar’ que era um poderoso afrodisíaco. Mesmo o chocolate que conhecemos hoje parece ter em si essa essência amorosa que dá a quem come ou bebe a sensação maravilhosa de se apaixonar.

Então veio um tempo de gula desenfreada e guerra entre vários estados. Os aristocratas começaram a considerar o trabalho de qualquer espécie como algo abaixo de sua dignidade e viveram em seus belos palácios, alheios ao sofrimento humano de que dependia seu estilo de vida.

Reinos surgiram e reinos caíram. Enfraquecidos pela guerra, os maias foram derrotados pelos astecas (da região do México) que, felizmente, admiraram sua religião e incorporaram a deusa do chocolate à sua.

Tal como Ixmucanè previu, ninguém com autoridade prestava atenção aos estrondos da terra. Havia muita gente e pouca terra disponível para a horticultura e as terras que existiam não podiam produzir alimentos porque metade dos trabalhadores estava indo para a guerra ou a própria terra estava sendo usada como campo de batalha. As pessoas estavam desnutridas ou morrendo de fome.

Mamma Cane ( Ixmucanè ) estava certa em se preocupar!

Enfraquecidos pelo excesso e pelas guerras constantes entre si, os povos nativos não resistiram muito quando os exploradores espanhóis e os conquistadores chegaram, trazendo consigo uma doença estrangeira (“varíola”) que seus corpos enfraquecidos não puderam combater. A doença trazida pelos espanhóis quase eliminou todas as pessoas nativas.

Os espanhóis queimaram os livros que contavam as histórias nativas dos mitos da criação.

Depois de muito tempo apenas, alguns padres, encorajaram os povos nativos a registrarem suas histórias e seus mitos, mas em latim, a língua da igreja espanhola. Infelizmente, a essa altura, muito havia sido esquecido e perdido.

A Deusa do Chocolate retorna

Bem, não havia como negar que algumas coisas deram errado. Mas Huitaca, a Deusa do Amor e do Prazer, estava grata pelo papel que a Deusa do Chocolate havia desempenhado. E para mostrar seu agradecimento, ela adornou Ixcacao da cabeça aos pés com delicadas flores brancas que tremulavam com os ventos suaves.

E assim, coberta de beleza, Ixcacao, a Deusa do Chocolate pôde retornar ao seu povo – desta vez tanto como a deusa da fertilidade que vigiava os campos de milho e que cuidava para que seu povo se alimentasse, mas também como uma rainha de amor e prazer.

“Não há mais trabalho sem descanso.
Chega de trabalhar sem tempo para família e amigos
e tempo para música e dança.
E acima de tudo . . .Não há mais trabalho sem amor”.

Declarou a deusa Ixcacao.

Refletindo sobre os mitos da Deusa do Chocolate, a sabedoria de Ixcacao é um adorável contraponto à agitação moderna voltada para a produção frenética de bens com fins lucrativos e gananciosos.

A Deusa do Chocolate nos lembra que um mundo próspero se desdobra diante de nossos olhos, bastando que paremos um momento para nos alegrar com as coisas simples da vida que nos dão prazer e alegria.

As Cerimônias do Cacau

Atualmente no Brasil, e em diversas partes do mundo, diversos terapeutas estão resgatando as memórias da deusa Ixcacao através de cerimônias do cacau. Cada condutor habilitado é chamado de “Guardião do cacau” e conduz a cerimônia de forma particular e sempre há durante a mesma a degustação do cacau. O guardião do cacau pode ser homem ou mulher.

Indico dois espaços terapêuticos para os interessados em participar da Cerimônia do Cacau:

. Sagrada Espiral, espaço de terapia holística, de responsabilidade do guardião do cacau e terapeuta Júlio Archanjo (@julioarchanjo no instagram). Site: http://www.julioarchanjo.com.br

. Inti Path, escola espiritualista, na qual as cerimônias do cacau são conduzidas pelo sacerdote andino Giuliano Salas (@giulianosalas no instagram). Site: http://www.intipath.com

As cerimônias podem acontecer online ou presencialmente respeitando as diretrizes da OMS e as datas e custos devem ser consultados com os respectivos espaços.

Toda a informação da deusa foi traduzida do inglês para facilitar o acesso de material de pesquisa, mas tenho ciência de que há muito mais dessa deusa do que podemos mensurar.

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